segunda-feira, 19 de março de 2012

Precisamos falar sobre o Kevin


“Nós jamais vamos ter certeza. Nós não fazemos a menor ideia do que é ter um filho. E só existe uma forma de descobrir.” 


Existem livros dos quais a gente gosta. Apenas gosta. E existem outros que simplesmente nos infernizam; não conseguimos fazer nada até terminar de ler, e depois que terminamos precisamos desesperadamente contar os detalhes para mais alguém, ou quem sabe escrever resenhas metidas a besta em blogs que ninguém lê. “Precisamos falar sobre o Kevin” fez isso comigo e mais um pouco: rendeu-me pesadelos e uma noite agitada que terminou por me causar uma baita dor no pescoço (torcicolo, desconfio eu). Melhor impossível. Amo livros que me abalam. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Plínio Marcos, o tempo todo.



Um camelô. Camelô dos seus próprios livros, que vendia nas portas dos teatros. E tão simpático e prestativo que prometia morrer logo para valorizar os autógrafos.  Mas tão antipático e irascível que agrediu verbalmente um garoto que chegou para cumprimentá-lo e...pedir um autógrafo. Um dramaturgo fantástico. Um inculto, que conhecia vinte palavrões e escrevia peças. Um grande admirador da sua esposa, a atriz Walderez   de Barros. Admirador das mulheres em geral, capaz de se meter numa briga de desconhecidos para evitar que batessem em mulher. Um briguento, aliás. Um machista meio cômico, que acreditava estar ofendendo uma mulher se não se lhe desse uma cantada e não convidasse para “dar uma chegadinha” ao seu apartamento. Nunca se filiou a partidos ou instituições. Um anarquista. Mas um anarquista extremamente amoroso com os amigos, capaz de gestos grandiosos. E mais estranho ainda: um anarquista que acreditava nas cartas do tarô. Um crente, um religioso? Não, um bandido.  Foi preso algumas vezes, e o engraçado é que os guardas o adoravam (onde já se viu isso?). Um barbudo meio desdentado e mal vestido, que foi amigo de Cobrinha, um morador de rua que morreu de tuberculose.  Um pai que usou fraque para levar a filha ao altar. Um escritor na feira do livro em  Paris,  posando para fotos ao lado de João Ubaldo Ribeiro e Chico Buarque. 



Este foi Plínio Marcos, cuja biografia, "Bendito Maldito", escrita por Oswaldo Mendes, encanta pelo inusitado. 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Roteiro para um sarau

Algumas vezes estou lendo uma poesia e ela me faz lembrar uma música, ou vice-versa. Daí surgiu a idéia de organizar um sarau combinando músicas com poesias, no estilo dos shows de Maria Betânia.  
É impossível pra mim, por exemplo, ouvir a belíssima música "Socorro", com letra de Alice Ruiz, e não lembrar da poesia "Parada Cardíaca", de...Paulo Leminski!  Casamento perfeito, não??


PARADA CARDÍACA 
Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.
Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.