domingo, 19 de dezembro de 2010

Então é natal

E Simone te persegue nos supermercados, padarias e shoppings cantando com aquela voz horrorosa, te fazendo lembrar não da morte de Jesus Cristo, e sim dos inúmeros assassinatos de músicas cometidos por intérpretes brasileiros e suas infames versões. Você tem vontade de mandar uma carta pra ela explicando que se o "nataaaalll é a festa cristãããããã", ficar mencionando mantras Hare Krishna na música não tem nada a ver. Ao diabo Simone com seu "Harehama", e também com "Hiroshima e Nagasaki". 

A leve impressão de que já vou tarde

Guia musical - nacional - para o fim de um relacionamento

Existe um grande preconceito com o que se chama de "brega", seja o gênero musical em si, sejam as músicas melosas, que são adjetivadas de modo pejorativo. Porém muitas músicas são classificadas como bregas apenas porque falam do sentimento de modo simples, sem muitos refinamentos, e levam o sofrimento às últimas conseqüências. E a verdade é que algumas são muito bonitas, e embalam o choro como poucas:

Felicidade

“Ya no seré feliz,
tal vez no importa,
Hay tantas otras cosas en la vida.”

(Jorge Luis Borges)

The joke was on me

(guia musical para o fim de um relacionamento)

As músicas definitivamente fazem parte da vida, de um modo muito especial e marcante. Algumas lembram a infância, outros são a cara de algum amigo ou amiga. Casais costumam ter a sua música. E algumas marcam indelevelmente o fim dos relacionamentos.
Todo final é doloroso. E a duração desse processo vai depender de uma série de fatores: a sua idade, a sua experiência com a própria dor, o nível de desgaste da relação, os motivos pelos quais ela chegou ao fim e, claro, o quanto você gostava dele ou dela. Com o tempo você vai aprendendo a respeitar cada fase, e se não tiver tanto medo assim da solidão e de si mesmo, vai aprender quase que a contemplar o luto. 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Revelação

A porta está aberta
como se hoje fosse infância
e as coisas não guardassem pensamentos
forma de nós nelas escritas.

A porta está aberta. Que sentido
tem o que é original e puro?
Para além do que é humano o ser se integra
e a porta fica aberta. Inutilmente.

(Orides Fontela)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Pequena crônica de um pôr-do-sol

E se a beleza te alcança inesperadamente, te pega, te sacode, te tira do sério e te leva para dançar? E se ela te atropela numa esquina vazia, na entrada de um beco estreito, numa tarde sem graça, numa vida momentaneamente vivida em sephia
Eu conhecia cada grão de areia que fazia cócegas nos meus pés e entrava pelas  unhas. Praia da minha infância, caminho mil vezes percorrido. Ao redor, o mesmo mar, as casas de sempre, as pequenas ruas de terra batida cheias de cocos secos e latinhas de cerveja e , como era começo de janeiro, garrafas vazias de cidra cereser.