domingo, 27 de junho de 2010

O Recife e eu

Recife tem ruas sujas e esburacadas
Violência sempre à espreita
E os canais da Agamenon Magalhães
Uma veneza fajuta e malcheirosa
Mas tem também o carnaval do Recife antigo
O cais e o capibaribe
Capibaribe seco de manhã, cheio à tardinha
Transbordando em meus olhos
Deserto. Multidão. 
Miséria e os arranha-céus da Avenida Boa Viagem...
A antítese em cada esquina
Em cada detalhe
Em Recife conheci Célia
mulata gigante 
com quem fumava cigarros sem filtro depois do almoço
No Recife eu cresci
Cresci trinta anos em três
à custa de solidão e resistência
A ti, Recife
cidade medonha e linda
Personificação de meus maiores medos
Recanto de desilusões
Mas também de descobertas
Dedico o lado obscuro da minha alma. 

(2004)

Nenhum comentário: