terça-feira, 24 de agosto de 2010

Namastê

Namastê ou namasté é uma saudação bastante utilizada pelo praticantes de yoga. Eu considero uma das saudações mais lindas que existem, pois significa: o divino que há em mim saúda o divino que há em você. 
É lindo porque pressupõe que todos nós, humanos, temos algo de sagrado em nosso ser. 
Yoga possui em sua origem o significado de unir, ligar. Alguns confundem Yoga com religião a partir da suposta base etimológica comum.  “Religião” viria do latim “religare”, com idêntico significado, porém o certo é que, segundo a doutrina mais abalizada, religião vem de outra palavra latina, religione
Existe uma diferença sutil, porém essencial entre a união proposta pelo Yoga e a união proposta pelas religiões, especialmente as de base cristã. O Yoga é teísta, mas não impõe um deus personalizado. Além disso, não prega a noção de que tudo que é carnal inspira asco e vergonha. A relação com o corpo é substancialmente diferente da relação proposta pelo cristianismo, que possui uma abordagem fundada na culpa e na necessidade de expiação. 
 “Essa relação especial com a carne deve-se provavelmente ao fato de o cristianismo ser a única religião em que Deus assumiu a forma de um corpo humano a fim de viver e morrer como humano e como vítima. Daí o status atribuído ao corpo. De um lado, este é visto como a parte viciosa do homem, oceano de miséria ou abominável vestimenta da alma e, de outro, é destinado à purificação e à ressurreição. (Trecho do livro "A parte obscura de nós mesmos", de Roudinesco.)
Para o Yoga, o corpo é instrumento que pode auxiliar no propósito de obter a conexão com o divino; sendo o corpo físico uma parte de nós mesmos, deve haver uma comunhão perfeita, que possibilite que o indivíduo, inteiro, entre em comunhão com o próprio universo. 
Curiosamente, Santa Teresa de Ávila, penitente convicta, escreveu um belo poema que foge totalmente à tradição católica, pois fala de uma comunhão entre o humano e o divino: 
"E se acaso não souberes em que lugar me escondi não busques aqui e ali, mas se me encontrar quiseres a Mim, buscar-me-ás em ti. Porque tu és meu aposento, és minha casa e morada, e assim chamo em qualquer tempo, se acho em teu pensamento estar a porta cerrada."
Então “Namastê” para os dois ou três leitores deste blog, e que tudo que há de mais belo em nós dure mais que nós mesmos. 

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