terça-feira, 17 de agosto de 2010

O gosto das coisas

Estava no supermercado ouvindo uma música do REM, uma de minhas bandas internacionais preferidas, e me controlando para não sair dançando em meio às frutas e verduras. Voltei pra casa ouvindo a mesma música, umas três vezes seguidas, numa alegria absolutamente estranha pra quem tem à frente a ingrata tarefa de guardar as compras, e então me dei conta do motivo: é que a música em questão tem gosto de um passeio a pé pela cidade, de férias...tem gosto de um encontro com os amigos, tem gosto de...liberdade!
E existem outras que têm gosto de praia (Winter in the Hamptons, de Josh Rouse), muitas que têm gosto de solidão, fossa e desespero (que tal... One Day The Sun Will Shine On You ou Still Got The Blues, de Gary Moore? Ou ainda Love Hurts, de Nazareth?)
Mas não só as músicas têm gosto. Noite fria tem gosto de vinho. Um bom livro tem gosto de viagem (e Paulo Leminski tem gosto de aventura). Tenho um quadro na minha casa que tem gosto de festa. Recife tem gosto de saudade. Natal tem gosto de axé e “forró elétrico” (afe...). Carnaval, pra mim, não tem jeito: ou tem gosto de frevo, ou de cinema e filminho com pipoca em casa. Certos perfumes têm gosto de beijo. Alguns cortes de cabelo têm um indefectível gosto de passado. Existem roupas que são impregnadas de um gostinho chato de trabalho. Peixe frito na peixada da comadre tem gosto de caipirinha. Domingo à noite tem gosto de preguiça. Sexta à tarde tem gosto de expectativa. E viver tem que ter um gostinho de leveza e descontração.  :)

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