terça-feira, 24 de agosto de 2010

YOGA – Para além das posturas

Aqui no ocidente é muito comum confundir yoga com os asanas ou posturas. Praticar yoga, então, é ir toda semana para uma salinha, ouvir as instruções do professor, dizer “ooommm” e, com um pouco de coragem, força e  flexibilidade, ficar de cabeça pra baixo. Os alunos mais aplicados aprendem nomes como "Swami" e usam a saudação Namastê, além de camisetas com desenhos de elefantes. 
Mas a verdade é que yoga é muito mais. 
Yuj é a raiz sânscrita da palavra Yoga, e segundo os estudiosos significa “atar, unir, ligar”. Dessa mesma raiz derivam as palavras Yoke, em inglês, Jungo, em latim e Joch, em alemão, com significados semelhantes. 
O Yoga, pois, propõe-se a unir, atar. A questão que se coloca então é: o que em nós precisa ser unido, atado, religado? 
O Yoga pretende unir o corpo e a mente, integrar o indivíduo, e ao mesmo tempo unir esse indivíduo ao universo, ao que há de divino. Trata-se de uma filosofia originada na Índia, constituída de preceitos que indicam o caminho a ser seguido  para alcançar a transcendência e um estado permanente de êxtase espiritual, mediante um conjunto de práticas com vistas a aquietar a mente. 
Segundo o sábio Patanjali, o Yoga é o estado de quietude plena, de controle dos sentidos e de afastamento de toda e qualquer distração.  Nesse sentido, chega a se confundir com meditação. Muitos falam em um estado de Superconsciência, que pode ser  considerado uma espécie de paz perene, suprema. 
Yoga é caminho e realização ao mesmo tempo. A sua regra de outro  é permanecer consciente a todo o momento, não se perdendo nas teias do automatismo e entre os devaneios dos sentidos. A consciência possibilita a quebra dos condicionamentos, e trilhar esse caminho conduzirá à liberdade.  
Quando nos livramos dos condicionamentos, chegamos cada vez mais perto da liberdade, e a liberdade é capaz de descortinar nossa verdadeira essência. 
Com muita propriedade Sri Swami Sivananda  afirma: 
Yoga é eqüanimidade. Yoga é serenidade. A destreza nas ações é Yoga. O Yoga é, desta forma, o que tudo abraça, o que tudo inclui, e a sua aplicação universal conduz ao desenvolvimento de todas as qualidades do corpo, da mente e da alma.
Primariamente, o Yoga é um estilo de vida, não é alguma coisa pela qual se separa da vida. Yoga não é o abandono da ação, mas a sua execução eficiente, de boa vontade. Yoga é não o fugir de casa e da habitação humana, mas um processo de modelagem das atitudes de alguém na sua casa, na sociedade, com um novo entendimento. Yoga não é afastar-se da vida, é a espiritualização da vida. 
E Mario Quintana, que nem era Yogue, utilizando outras palavras disse basicamente a mesma coisa: 
"Não foge ao mundo o verdadeiro asceta,
Pois em si mesmo tem seu próprio asilo.
E em meio à humana turba, arrebatada e inquieta,
Só ele é simples e tranqüilo."
[Mario Quintana)

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